Indústria Cultural

A Escola de Frankfurt se encontra mais próxima das idéias do Paradigma Informacional, porém difere dos estudos da Escola Americana no trajeto de seus estudos. A Teoria da Sociedade de Massa, ou seja, a sociedade como um conjunto heterogêneo e anônimo, de organização frágil, com a dissolução e fragmentação de seus laços, é defendida pela Escola de Frankfurt tanto quanto pelos estudos americanos, porém os caminhos que levaram cada um à conclusão são bem distintos.
Uma distinção é trazida por Adorno entre cultura de massa e indústria cultural. Para ele a cultura de massa pode indicar uma cultura que surge espontaneamente das próprias massas, enquanto a indústria cultural é responsável pelos produtos adaptados ao consumo das massas.
A indústria cultural é responsável pela junção da alta cultura e da baixa cultura, a fim de se chegar a um produto de massificação. “Ela força a união [...] da arte superior e da arte inferior. Com prejuízo para ambos. A arte superior se vê frustrada de sua seriedade pela especulação sobre o efeito; a inferior perde, através de sua domesticação civilizadora, o elemento de natureza resistente e rude, que lhe era inerente enquanto o controle social não era total.” (ADORNO, p.287-288).
Uma das críticas dessa idéia é justamente como se definir o que é baixa e o que é alta cultura, já que esta é uma difícil diferenciação e é bastante dinâmica, sendo que, freqüentemente uma obra ou movimento passa de um conceito para o outro.
Para a indústria cultural, o sujeito não é agente, mas sim seu objeto. As produções culturais já são dadas, desde seu princípio, a fim de serem consumidas e gerarem lucro. Assim, por mais que queira parecer diferentes, todas elas encobrem uma mesma fôrma na qual são feitas, e uma mesma motivação. Em uma releitura das idéias de Marx, esse processo tem como objetivo industrializar a própria cultura, gerando uma retroalimentação do sistema capitalista e alienar o indivíduo mesmo em seu tempo de lazer. O capitalismo se auto-regula, e a indústria cultural é uma das ferramentas para a manutenção de seu status quo. Nesse estudo a idéia de massa é produzida pela luta de classes, no caso, burguesia e proletariado. Assim, nessa concepção, massa é um produto histórico do sistema capitalista.
Para Adorno, a forma de libertação é a arte. Através de sua singularidade e seu espírito crítico, a arte dá autonomia ao sujeito que interage com ela através da crítica e interpretações individuais. Através da padronização dos bens culturais, a padronização do espírito, o sujeito perde o seu potencial crítico e a arte sua capacidade emancipatória.
A padronização ou massificação promovida pela indústria cultural controla os limites da obra, conseqüentemente limitando a capacidade crítica de quem a consome. O embate apresentado por Adorno é entre a arte, que dá autonomia ao sujeito, e a indústria cultural, onde o sentido é dado na produção, manipulando e restringindo a capacidade interpretativa do sujeito.

ADORNO, Theodor. A indústria cultural. In: COHN, Gabriel. (Org.) Comunicação e indústria cultural. 4. ed. SP: Nacional, 1978. p.287-295

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