Cultura de Massas

   Para Morin, no decorrer do século XX, há uma segunda industrialização que também gera conseqüências nos domínios internos do homem, gerando as mercadorias culturais. Essa cultura massa é produzida em uma base industrial, tratada como mercadoria e produzida para ser consumida por uma massa social. Essa Terceira cultura se estabelece ao lado das culturas nacionais e as culturas clássicas (humanistas e religiosas).
Morin faz uma crítica aos intelectuais que, com base nas idéias de Marx, consideram a cultura de massa uma forma de alienação do povo no sistema capitalista, e um tipo de cultura inferior. O produto cultura não se estrutura com base na Arte, considerada a verdadeira cultura libertadora pelos cultos, pois por um lado é determinada por sua forma de produção industrializada, e por outro por seu caráter de consumo rápido. Além de que, a chamada cultura superior, já é produzida de uma forma padronizada para ser considerada como tal.
Outra crítica aos outros estudiosos da comunicação, chamados cultos, é do modo como se afastam do objeto para estudá-lo, no caso da comunicação de massa, analisando-a como algo inferior e não mantendo um contato direto com ela, gerando conclusões muitas vezes equivocadas sobre o processo por, justamente, não participarem dele. A análise de um objeto deve ser feita juntamente com uma auto-análise, para que os resultados não sejam influenciados pela sua visão específica dele. Para essa analise, “é preciso conhecer esse mundo sem se sentir um estranho nele”. “Enfim, o método da totalidade deve ao mesmo tempo evitar o empirismo parcelado, que, isolando em campo da realidade, acaba por isolá-lo do real, e as grandes idéias abstratas que, como as vistas televisionadas de um satélite artificial, só mostram um amontoado de nuvens acima dos continentes.” (MORIN, p 21)
Apesar do impulso que a comunicação de massa sofreu devido à própria dinâmica do sistema capitalista, a cultura de massa se mostrou presente independente dele, como exemplo, o Estado Soviético. A dinâmica da cultura de massa nesses dois regimes se deu, logicamente, de forma diferente. No capitalismo essa produção se deu regulada pelo mercado, a fim de gerar lucro, onde os meios procuram de adequar ao consumidor, enquanto no socialismo o regulador era o Estado, a fim de propagar material político-ideológico, procurando que o consumidor se adequasse ao Estado. Independente do objetivo de gerar lucro ou propagar uma ideologia, tanto pela iniciativa privada quanto pelo Estado, há sempre a meta de se atingir o maior número de indivíduos possível.
No processo produtivo das mercadorias culturais há um choque de interesses, ou uma relação de forças entre a padronização exigida pela industrialização, e a individualização exigida pelo mercado consumidor. O rápido consumo das mercadorias culturais produz uma grande demanda por objetos novos, porém esses objetos precisam mantém um padrão já conhecido pelo público para que seja bem aceito. Essa dicotomia irá orientar todo o processo de produção e criação. A busca pela síntese entre a lógica industrial-burocrática-monopolistica-centralizadora-padronizadora e a contralógica individualista-inventiva-concorrencial-autonomista-inovadora é a dinâmica que define a adaptação da indústria cultural ao público e vice-versa.
Na procura busca por atingir o maior público possível, a indústria de massa procura um denominador comum dos indivíduos, fazendo com que sua maioria se identifique com o produto. Nessa busca, não se referem a todos, nem a ninguém, mas ao chamado homem médio, que busca ser o denominador comum no meio de tanta diversidade. Por isso, os produtos tendem ao sincretismo, agrupando diversos gêneros de uma só vez.

MORIN, Edgar. Um Terceiro Problema. Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997.
MORIN, Edgar. A Indústria Cultural. Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997.
MORIN, Edgar. O Grande Público. Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997.

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